"Como o poeta poderia saber tanto de nós dois?
De certo me conhece...
Sou das manhas dessa cidade na meia-estaçao
E em plena liberdade reluzindo a Redençao
E sou do céu do fim da tarde, do roxo e carmim
Do sol virar saudade, levitando a multidao
E tem no outono uma luz, que acaricia essa dureza cor de giz
Que me estranha, mas nao sabe se é feliz
E nao entende quando eu grito... Eu tenho os olhos doidos
Doidos por ti
Tanto fiz pra ser feliz, mas te custou compreender
Eu mesmo pus as pedras no sapato
A alma beat, em bytes invites me a revisitar highways
Altas maneiras de se chegar ao mesmo nenhum lugar
Nasci e morro assim, só perdido no escuro, dentro de mim
E vou cruzando o barro, vou comendo o pó
Até que chegue o fim
Mas a força eu retiro, sugo feito vampiro
De saber que as estrelas também vivem sós.
Sabe até da minha saudade...
No dia em que ocê foi embora, eu fiquei sentindo saudades do que nao foi
Lembrando até do que eu nao vivi pensando em nós dois
Pois no dia em que ocê foi embora, eu fiquei sozinho no mundo, sem ter ninguém
O último homen no dia em que o sol morreu
E quando veio a noite, eu lembrei
O coraçao existe para sonhar que está em noutro lugar
E quando veio a noite, eu pensei
Com você tao longe assim, meu coraçao nao vai voltar para mim
Páginas ao vento em confissao
Luas de setembro, céus em minhas maos
Nuvens em assombro e procissao
Luas que me lembram noites que virao
Abre-se a razao sobre a razao de ser
Como no instante de te ver, e eu vejo a vida vindo ao meu encontro
E vejo agora o que amanha chegar
Eu tenho os olhos sobre o teu encanto e tanto a desvendar
Nao tarda que a saudade é sem graça
Na pressa de uma escala no Porto
Levaste a minha alma na bagagem
E sou eu que estou quase morto da viagem.
Ele também parece saber muito de nós dois...
Que tolos fomos nós, que bom que foi assim
Que achamos um lugar para ter razao
Distantes de quem pensa que o melhor da vida
É uma estrada estreita e feita de cobiça
Que nunca vai passar por aqui
Seremos sempre assim, sempre que precisar
Seremos sempre quem teve coragem
De errar pelo caminho e de encontrar saída
No céu do labirinto que é pensar a vida
E que sempre vai passar
Sempre vai passar por aí
Já bem tarde pra dizer guarda silêncios para depois
Em saudades, vaos e vozes que há de ouvir
Entre móveis que se vao mudando as horas de lugar
Algum dia irá voar de volta a si
Quem dera ser o amor, que pensa em esperar
Agora que arrumou o mundo em seu lugar
Mas sempre há de saber, que sonha ser amor
Alguém desarrumar a vida que arrumou para si.
Entao deve ser por isso que, nessas horas, ele tem tudo pronto o que eu queria te dizer...
E espero que a minha estupidez
Cicatrize os teus sentimentos feridos
Nao leve tao a sério
Nem o que eu digo, nem o que eu deixo de esconder
Nao vai ter graça o dia
Em que eu bater à porta
E você nao abrir para responder
Desiste de ficar assim
Que lá no fim da solidao
Ninguém vai te explicar tintim
Quem pode te ajudar a lamentar a razao?
Nem o silêncio nao diz nada
Mesmo essas frases vao para o lixo
Sao como lenços de papel
Mas, algumas coisas serao eternas
Que bela idéia acreditar
Que o mundo te aprendeu
Enquanto invento aqui para mim
Um silêncio sem fim
Deixando a rima assim
Sem mágoas, sem nada."